Cama compartilhada: desvendando alguns mitos

Eu sou adepta da cama compartilhada desde o primeiro dia de vida do Valentino. Hoje ele está com 17 meses e ao longo deste período, percebi que existem alguns mitos em relação ao co-sleeping! Esse é um dos assuntos mais polêmicos no universo materno, no meu ver. Afinal, é uma delícia dormir agarradinha com a cria, mas e o medo de o bebê nunca mais querer sair da sua cama? E como fica a intimidade do casal. E aí?

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Vamos falar um pouco sobre os mitos?

1) Intimidade do casal

Vira e mexe me perguntam se o meu casamento sobrevive com um bebê dividindo a cama com a gente. A resposta é… claro que SIM!
Não existe apenas a cama para que um casal possa se relacionar intimamente. Existe uma casa inteira… é so usar a criatividade!

Minha experiência: O Valentino dormiu exclusivamente na nossa cama até os 14 meses de vida. Ele pegava no sono no sofá, e depois vinha para a cama com a gente. Assim que ele dormia, a gente tinha a casa toda à nossa disposição! Aproveitamos esses momentos de soneca dele para nós! Na verdade, nós gostamos muito de dormir todos juntos. Sentimos falta das mãozinhas gordinhas do nosso garoto e do seu ronquinho quando ele não dorme com a gente. Então ter ele na cama com a gente não interferiu em nada no nosso relacionamento. Pelo contrário: nossa conexão como casal continua indo muito bem, obrigada.

Eu acho que esse é o maior mito de todos, de que o bebê vai interferir na intimidade e vida sexual do casal. Sou da visão de que se um relacionamento não está lá muito bom, o bebê com certeza não é o responsável por isso!

2) Dependência emocional

Co-Sleeping

Muitas pessoas tem medo de que a criança vai ficar muito dependente dos pais, que vai ficar mimada, que não vai sair nunca mais da cama se dormirem todos juntos.

Um dos princípios da criação com apego é que os pais devem sempre acolher a criança, quando ela precisa emocionalmente deles. Uma criança acolhida é segura de si, pois ela sabe que poderá contar com seus pais, seu porto-seguro, quando ela necessitar. Mais sobre criação com apego aqui.

‘Ah, mas dai o bebê não vai sair nunca da nossa cama?’ Claro que vai. Quando ele estiver emocionalmente preparado para tal. No tempo dele.

Os primeiros três meses de vida após o nascimento são muito intensos para o bebê… é um mundo novo, ele ainda não descobriu que nasceu, e que ele e a mamãe são entidades diferentes. Esse bebê precisa estar grudadinho na mãe. Esse bebê não está pronto para ficar sozinho em um quarto.

Minha experiência: Começamos a cama compartilhada assim que Valentino chegou do hospital, um dia depois do nascimento. Na verdade tentamos usar um co-sleeper, que conectava na lateral da cama mas não funcionou. Ele chorava bastante. E com razão! Estava acostumado no quentinho da barriga, e de repente se viu sozinho em uma cama esquisita! Ele mamava bastante, e nos três primeiros meses de vida eu tinha que trocar a fralda em todas as mamadas noturnas (ele não tinha piedade da mamãe e fazia cocô todas as vezes…). Além do que, ele nasceu no outono e logo começou a esfriar bastante por aqui.

Eu preferi me poupar de ter que levantar toda hora pra ir no outro quarto. A princípio, então, minha opção pelo co-sleeping foi pela praticidade. Era mais prático eu dar de mamar na hora que ele solicitasse. Além do que, estava ali de olho se ele estava respirando, se estava dormindo, qualquer movimento diferente eu já estava alerta.

Aos poucos, comecei a perceber que ele passou a dormir mais horas por noite, apenas se mexendo um pouquinho para mamar. Ele não despertava totalmente mais. Eu acordava, mas estava ali no quentinho da cama e logo voltava a dormir. Isso me ajudou a não ficar tão exausta. Aos 6 meses de vida dele voltei a trabalhar meio período, e ter algumas horinhas a mais de sono foram fundamentais para que eu logo me adaptasse à rotina dupla.

Conforme o tempo foi passando, ele começou a crescer, a se mover mais, e a me incomodar um pouco mais também. Então, resolvemos trazer a cama dele para nosso quarto. O objetivo era que ele dormisse a noite toda lá, mas comigo do lado para qualquer eventualidade. Nas primeiras noites ele aceitou bem, dormiu por 5 horas seguidas (um milagre!), mamou, e voltou a dormir. Porém algumas semanas depois, depois da primeira mamada da madrugada, ele reclamava, chorava, não queria ficar sozinho na caminha. Era só colocar na nossa cama que ele dormia como um anjo…

Eu então entendi o recado: ele ainda não está totalmente pronto para dormir sozinho! E eu e meu marido também não! No momento, estamos dividindo o sono entre a cama dele (ele fica lá até a primeira mamada da madrugada, normalmente entre 1 e 2 da manhã), e a nossa. Tem sido bom para mim, pois consigo dormir direto por umas 3-4 horas até ele vir. Ele agora dorme apoiado no meu ombro, e fica fazendo carinho no peito. É muito especial. Tem noites que nem tenho coragem de me mexer, para não atrapalhar esses momentos lindos!

Mesmo com a volta ao trabalho, a amamentação continua firme e forte por aqui. Isso porque a gente produz a maioria dos hormônios que favorecem a produção de leite durante a noite. Como ele mama constantemente, eu continuo produzindo o suficiente para manter a demanda de leite dele. Vamos em frente!

Valentino tem se mostrado um menininho bastante independente e seguro de si. Assim como ele levou seu próprio tempo para andar, para comer, para ter dentinhos nascendo, ele terá seu tempo respeitado para dormir sozinho na sua cama e no seu quarto. Não temos pressa. A infância passa muito rápido!

3) Síndrome da morte súbita infantil

A morte súbita infantil pode acontecer durante o sono do bebê por uma série de fatores, ainda desconhecidos por especialistas.

A razão pela qual esse é um mito é que hoje em dia há estudos que mostram que há uma redução no risco de morte súbita quando as práticas de sono compartilhado, que incluem a cama compartilhada, são feitas de forma segura. O ciclo de sono da mãe é muito mais leve quando se compartilha a cama com o bebê. Logo, ela consegue perceber muito mais rápido caso algo esteja errado com o bebê em relação a uma mãe que está dormindo em outro quarto.

Se houver bom senso e cuidado por parte dos pais, a cama compartilhada é muito segura!

Dicas importantes

  • Evite cobertas soltas e travesseiros que possam representar risco de sufocamento;
  • Não coloque o bebê entre os pais: o ideal é que ele durma entre a mãe e uma parede, para que não haja o risco de os pais rolarem em cima da criança e a sufocarem;
  • Certifique-se que o colchão é firme, já que o bebê pode se sufocar ou superaquecer em um colchão muito macio. Garanta também que o colchão caiba direitinho no estrado da cama, para evitar que o bebê fique preso nas lacunas;
  • Mantenha o bebê aquecido, e o vista com pijamas leves. O contato com seu corpo já é suficiente para regular e elevar a temperatura do bebê;
  • Nunca deixe o bebê sozinho na cama, ou entre travesseiros. Se precisar deixá-lo sozinho, o ideal é colocá-lo no berço ou em um moisés.

Quando a cama compartilhada não é segura?

  • Você fuma;
  • Você consumiu bebidas alcoólicas, drogas ou medicamentos – isso pode afetar a memória e você pode se esquecer de que tem um bebê na cama e rolar acidentalmente sobre ele;
  • Se você estiver extremamente cansado, ou tiver algum distúrbio do sono, como apnéia.

Minha experiência: Fizemos muitos experimentos, e como eu quase não me movo durante a noite, e meu lado da cama é encostado em um armário, tenho espaço para mim, e o bebê tem uma boa área para ele. Preferi que o Valentino dormisse entre nós. Da forma com que eu deito na cama, não tem como me virar e esmagar o bebê sem que eu perceba.

Uso um saco de dormir no inverno, que além de esquentar, evita que eu use cobertas nele. Eu me cubro normalmente e ele dorme em cima da minha coberta. O verão aqui é bem quente então não nos cobrimos. Existem sacos de dormir de verão também. Aqui a gente nunca usou.

Evitei usar travesseiros na cama até recentemente, com medo de sufocamento. Hoje em dia eu amamento deitada e Valentino dorme no meu ombro, portanto voltei a usar meu travesseiro com segurança (venci na vida!) 🙂

NOTA: Esse post não é uma verdade absoluta, ou seja, a cama compartilhada pode não funcionar para você! Este é um relato real para incentivar famílias que tenham interesse em praticar o co-sleeping.